Fernando Pessoa : O Último Sortilégio"
página nº 395 da 1ª edição do livro "Encontro Magick" (da Hugin Editores, de 2001)
- "O Último Sortilégio":
«Já repeti o antigo encantamento
E a grande Deusa aos olhos se negou.
Já repeti, nas pausas do amplo vento,
As orações cuja alma é um ser fecundo.
Nada me o abismo deu ou o céu mostrou.
Só o vento volta onde estou toda e só,
E tudo dorme no confuso mundo.
«Outrora meu condão fadava as sarças
E a minha evocação do solo erguia
Presenças concentradas das que esparsas
Dormem nas formas naturais das coisas.
Outrora a minha voz acontecia.
Fadas e elfos, se eu chamasse, via,
E as folhas da floresta eram lustrosas.
«Minha varinha, com que da vontade
Falava às existências essenciais,
Já não conhece a minha realidade.
Já, se o círculo traço, não há nada.
Murmura o vento alheio extintos ais,
E ao luar que sobe além dos matagais
Não sou mais do que os bosques ou a estrada.
«Já me falece o dom com que me amavam.
Já me não torno a forma e o fim da vida
A quantos que, buscando-os, me buscavam.
Já, praia, o mar dos braços não me inunda.
Nem já me vejo ao sol saudado erguida,
Ou, em êxtase mágico perdida,
Ao luar, à boca da caverna funda.
«Já as sacras potências infernais,
Que, dormentes sem deuses nem destino,
À substância das coisas são iguais,
Não ouvem minha voz ou os nomes seus.
A música partiu-se do meu hino.
Já meu furor astral não é divino
Nem meu corpo pensado é já um Deus.
«E as longínquas deidades do atro poço,
Que tantas vezes, pálida, evoquei
Com a raiva de amar em alvoroço,
Inevocadas hoje ante mim estão.
Como, sem que as amasse, eu as chamei,
Agora, que não amo, as tenho, e sei
Que meu vendido ser consumirão.
«Tu, porém, Sol, cujo ouro me foi presa,
Tu, Lua, cuja prata converti,
Se já não podeis dar-me essa beleza
Que tantas vezes tive por querer,
Ao menos meu ser findo dividi —
Meu ser essencial se perca em si,
Só meu corpo sem mim fique alma e ser!
«Converta-me a minha última magia
Numa estátua de mim em corpo vivo!
Morra quem sou, mas quem me fiz e havia,
Anónima presença que se beija,
Carne do meu abstracto amor cativo,
Seja a morte de mim em que revivo;
E tal qual fui, não sendo nada, eu seja!»
«Já repeti o antigo encantamento
E a grande Deusa aos olhos se negou.
Já repeti, nas pausas do amplo vento,
As orações cuja alma é um ser fecundo.
Nada me o abismo deu ou o céu mostrou.
Só o vento volta onde estou toda e só,
E tudo dorme no confuso mundo.
«Outrora meu condão fadava as sarças
E a minha evocação do solo erguia
Presenças concentradas das que esparsas
Dormem nas formas naturais das coisas.
Outrora a minha voz acontecia.
Fadas e elfos, se eu chamasse, via,
E as folhas da floresta eram lustrosas.
«Minha varinha, com que da vontade
Falava às existências essenciais,
Já não conhece a minha realidade.
Já, se o círculo traço, não há nada.
Murmura o vento alheio extintos ais,
E ao luar que sobe além dos matagais
Não sou mais do que os bosques ou a estrada.
«Já me falece o dom com que me amavam.
Já me não torno a forma e o fim da vida
A quantos que, buscando-os, me buscavam.
Já, praia, o mar dos braços não me inunda.
Nem já me vejo ao sol saudado erguida,
Ou, em êxtase mágico perdida,
Ao luar, à boca da caverna funda.
«Já as sacras potências infernais,
Que, dormentes sem deuses nem destino,
À substância das coisas são iguais,
Não ouvem minha voz ou os nomes seus.
A música partiu-se do meu hino.
Já meu furor astral não é divino
Nem meu corpo pensado é já um Deus.
«E as longínquas deidades do atro poço,
Que tantas vezes, pálida, evoquei
Com a raiva de amar em alvoroço,
Inevocadas hoje ante mim estão.
Como, sem que as amasse, eu as chamei,
Agora, que não amo, as tenho, e sei
Que meu vendido ser consumirão.
«Tu, porém, Sol, cujo ouro me foi presa,
Tu, Lua, cuja prata converti,
Se já não podeis dar-me essa beleza
Que tantas vezes tive por querer,
Ao menos meu ser findo dividi —
Meu ser essencial se perca em si,
Só meu corpo sem mim fique alma e ser!
«Converta-me a minha última magia
Numa estátua de mim em corpo vivo!
Morra quem sou, mas quem me fiz e havia,
Anónima presença que se beija,
Carne do meu abstracto amor cativo,
Seja a morte de mim em que revivo;
E tal qual fui, não sendo nada, eu seja!»
The Beast in Berlin: by Tobias Churton
Aleister Crowley: The Beast in Berlin:
Art, Sex, and Magick in the Weimar Republic
by Tobias Churton
Brian Butler
Brian Butler - Babalon Working - Artist Video Projects - MOCAtv
Spotlight on Artist Brian Butler
http://dangerousminds.net/comments/david_lynch_foundation_televisions_portrait_of_occult_filmmaker_brian_butle
Phaneron vs Solipsism
Phaneron= world filtered by our sensory input wikipedia
Solipsism = is the philosophical idea that only one's own mind is sure to exist wikipedia
" If you ask me to tell you anything about the nature of what lies beyond the phaneron, my answer is, “How should I know?” I am not dismayed by ultimate mysteries, I can no more grasp what is behind such questions as my cat can understand what is behind the clatter I make while I type this paragraph. " — martin gardner
Egocentric predicament
Egocentric predicament
is the problem of not being able to view reality outside of our own perceptions. All worldly knowledge takes the form of mental representations
that our mind examines in different ways. Direct contact with reality
cannot be made outside of our own minds; therefore, we cannot be sure
reality even exists. This means that we are each limited to our own
perceptual world and views.
Is Anything Real?
Bruce Springsteen - Sociedade Alternativa
Bruce Springsteen sings" Sociedade Alternativa"! from Raul Seixas album, Gita 1974
and , proclaims the Law ! (Pro-Shot - Live from Sao Paulo 09/19/2013)
black magic
Black magic is not a myth. It is a totally unscientific and emotional form of magic, but it does get results — of an extremely temporary nature. The recoil upon those who practice it is terrific.
It is like looking for an escape of gas with a lighted candle. As far as the search goes, there is little fear of failure!
To practice black magic you have to violate every principle of science, decency, and intelligence. You must be obsessed with an insane idea of the importance of the petty object of your wretched and selfish desires.
I have been accused of being a "black magician." No more foolish statement was ever made about me. I despise the thing to such an extent that I can hardly believe in the existence of people so debased and idiotic as to practice it.
Article "The Worst Man in the World" in The Sunday Dispatch (2 July 1933); quoted in The Magical Revival (1972) by Kenneth Grant.
http://en.wikiquote.org/wiki/Aleister_Crowley
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